O ‘inventor’ da mão chifrada: Ronnie James Dio

Por Marcella Matos

1e1e4d57b2f515222b146aae396eeadf--music-film-music-musicRonnie James Dio é uma genuína personalidade do Metal. Dono de um talento nato para  a música, seu alcance vocal e técnica aprumada inspirou (e ainda inspira) grandes músicos do gênero, tendo contribuído para o fortalecimento do Heavy Metal, ao mesmo tempo em que catalizou, digamos assim, o devido reconhecimento e respeito do estilo por parte dos grandes veículos de música e dos demais meios especializados. O vocalista, que é descendente de italianos, e que adotou o famigerado sobrenome “Dio” para a carreira artística, teve por inspiração o mafioso italiano Johnny Dio. 

 

Tamanho é documento? Os Ditados populares (também conhecido por adágios, sentenças morais, etc.) são ‘verdades’ baseadas na cultura e no senso comum das pessoas… Dio é baixinho (1,62 m), mas os centímetros que faltam em sua estatura sobram de força, potência, energia e domínio vocal nos palcos.

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A mão chifrada é uma das maiores simbologias do Metal e caracteriza uma forte representação visual do movimento. Sob o ponto de vista científico e acadêmico, os símbolos reproduzem uma ideia, cujas características estão aceitas por convenção… Partindo deste princípio (e do preconceito externo que cerca o Heavy Metal), se popularizou (arbitrariamente) que a execução do movimento estaria associada à adoração ao diabo… Mas o significado da mão chifrada está longe disso: Remonta a uma antiga crendice popular italiana.  Conhecida por Malocchio (olho do mal em italiano), o gesto de erguer “o dedo indicador e o mínimo” era reproduzido pelas pessoas, pois acreditava-se que tinha o poder de afastar o ‘mau- olhado’. Cavando mais fundo ainda… A história nos revela que o tal ‘aceno’ tem por procedência a Grécia Antiga, simbolizando uma espécie de ‘maldição’/praga que foi sendo propagado até o ponto de tornar uma superstição bastante popular.

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Como já foi citado, Dio é descendente de italianos, e sua avó, que por sinal era muito supersticiosa, utilizava cotidianamente o gesto para se proteger contra o “mau olho” alheio; ele reproduzia a tal prática familiar nos palcos, por simples diversão. Como ele mesmo menciona numa entrevista ao site Metal Rules:

[…] “Duvido muito que eu tenha sido o primeiro a fazer isso. É como dizer que eu inventei a roda. Tenho certeza de que alguém já tinha feito isso antes. Acho que deveriam dizer que eu o popularizei. Eu o usei tanto e tantas vezes que se tornou minha marca registrada. […] Eu estava no Black Sabbath nessa época. Era um símbolo que eu achava que refletia aquilo que a banda deveria representar. Mas não é o símbolo do demônio como se estivéssemos aqui com ele. É um símbolo italiano que aprendi com minha avó e que se chamava “Malocchio”.

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E explica o que o gesto significa:

[…] “Serve para afastar o mau-olhado ou para fazer o mau-olhado, dependendo de como você o faz. Trata-se apenas de um símbolo, mas tem encantos mágicos e atitudes e acho que funcionou bem com o Black Sabbath. Então fiquei bastante conhecido por isso e depois todos começaram a fazer a mesma coisa. Mas eu nunca diria que eu tenho crédito por ter sido o primeiro a fazer isso. Mas eu o usei tanto que acabou se tornando um tipo de símbolo do rock and roll”. 

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Jinx Dawson, a pioneira do gesto ‘profano’

Uma curiosidade: Antes de Dio popularizar o “sinal do demônio” ao longo de sua carreira, uma banda chamada Coven, tinha por influência as teorias e práticas do ocultismo…

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…Suas composições eram relacionadas aos fenômenos supostamente sobrenaturais. Até os aspectos visuais da banda agregavam a temática oculta: capas dos discos, vestimenta e o uso do Malochio era recorrente durante as apresentações do grupo; a vocalista Jinx Dawson (que por sinal era uma pesquisadora voraz sobre o assunto) iniciava todos os shows com o gesto “macabro”. O Coven era excepcionalmente autêntico, pois se afastava do estilo psicodélico/hippie recorrente nas bandas da época; chamava a atenção, ao mesmo tempo em que chocava, com suas letras ‘satânicas’, sonoridade aguda e sua fotografia ‘herética’.

 

Com uma carreira muito bem sucedida como vocalista do Rainbow e do Black Sabbath, Ronnie James Dio por si só já teria marcado seu nome no panteão do Heavy Metal. Não obstante, com o lançamento de Holy Diver (1983), primeiro disco da banda Dio, seu talento para compor e alcance de voz o fez conquistar um “som” e ‘imagem própria’, que lhe proporcionou uma carreira independente e além das suas antigas bandas… 

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Holy Diver é considerado um dos melhores álbuns de Heavy Metal; um verdadeiro clássico que rompeu as barreiras do tempo, e que não se limita a década do seu lançamento e ainda assim ‘soa’ atual. Álbum pesado e marcante que continua a servir de referência a músicos do estilo.

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Dia dos namorados: Os casais e ex-casais do mundo do rock parte 2

Josh Home e Brody Dalle:

 Dona de uma voz forte, Brody Dalle desde cedo teve contato com rock; sua vida um pouco conturbada (problemas com a mãe), fez se identificar, e muito, com o punk rock, principalmente com suas letras fortes e raivosas.  Tornou-se conhecida como vocalista e guitarrista da banda de punk rock The Distillers, que teve seu fim anunciado no final de 2005. 

 Seu relacionamento com Josh Home, vocalista do Queens of the Stone Age,  teve inicio em 2003; e dele nasceu,  Camille Homme, em 2006, e Orrin Ryder Homme, em 2011. 

 

A primogênita já ganhou uma bateria dos pais; e Brody, como toda mãe coruja, fala sobre a filha: “Ela gosta de cantar no estúdio e já escreveu sua primeira canção, chamada Star Star Star”. Filha de peixe…

Brody Dalle formou uma nova banda a  Spinnerette, e tem planos para lançar um disco solo.

 

 

Janis Joplin e Serguei:

Serguei, roqueiro brasileiro, teve este nome  herdado da infância, pois  um amigo russo  não sabia pronunciar Sérgio, seu nome de registro, lhe chamando então de “Sergei”.  Pode não ser um rostinho tão lembrado assim no cenário do rock nacional, mas faz parte da sua história, principalmente da década de 1970. Serguei é uma caixinha de surpresas, e que tem muitas histórias para contar isso ele tem…

Serguei Bustamante em plena ditadura militar gritou publicamente para um Brasil calado e com fomento de voz um “viva à liberdade e ao rock”. 

Janis Joplin e Serguei tiveram um affaire quando a cantora visitava o Brasil na década de 1970, onde veio passar o carnaval; Janis e Serguei teriam tido uma linda noite de amor em praias cariocas, porém com um detalhe, o namorado dela compartilhava também este mesmo ambiente, digamos… Exótico para a função que estavam (como posso dizer…) exercendo.

“[…] Eu caminhava pela calçada em frente ao Copacabana Palace – naquela época a gente podia andar na Avenida Atlântica sem ser assaltado – quando vejo um casal bem diferente: um loiro alto, bonito, interessante e uma mulher com turbante e saia cigana. Puta que pariu! ‘Janis!’, gritei, e logo nos beijamos na boca.” Diz Serguei.

Janis fez um tour pela cidade do Rio de Janeiro, onde ela cantou em um show de Serguei, na boate New Holliday, no Porão 73 do Leme (era um lugar considerado meio “sinistro” na época já que era frequentado por prostitutas, marinheiro…), e assistiram juntos ao show da cantora Darlene Glória

Sua aventura no Rio de Janeiro pelo jeito foi bem agitada, e olha que ela ainda foi expulsa do Copacabana Palace (por nadar nua na piscina), quase foi presa em uma praia (por fazer topless) e foi barrada na entrada do New Holiday; Serguei lembra: “Então ela soltou a voz [no New Holiday] e cantou ‘Ball and chain’. Meu Deus (Serguei emociona-se, chora)… O canto dela era sublime! A boate toda se levantou. Alcione gritou desvairada. Tony Tornado, que também se apresentava ali, tremia todo, sem camisa[…]” ; e o dono da boate que a tinha barrado disse: “’Puta que pariu! Como fui barrar essa maluca?” diz ele à revista Trip.

 

Segundo relato do amigo de Janis, o fotógrafo  Rick Ferreira (que lhe deu abrigo quando foi expulsa do Copacabana Palace, pois todos os hotéis da cidade estavam lotados), ela, na época, não era uma figura conhecida pelos brasileiros. “[…] Fui apresentando a Janis para o Jerry, porque o cara era da Jovem Guarda e não sabia nada de rock’n’roll. E ele veio: “Janis, quais foram as suas impressões do Carnaval carioca?” Ele nem sabia quem era. Nem a Globo, nem a Veja, nem ninguém […]”.

 Mas, segundo Serguei, o encontro no Rio não teria sido o primeiro; eles teriam se conhecido dois anos antes, em um festival de rock na cidade de Long Island, em San Francisco, lugar onde fora morar aos doze anos com a avó materna, e na qual teria convivido um mês com Janis; O próprio teria presenciado nesse período o relacionamento de Janis com Jimi Hendrix.” […] Um dia, ela estava fazendo suco e bateram na porta. Fui ver, era um black power esquisito. Pode abrir, ela falou. Foi assim que conheci o Jimi Hendrix. Sei que eles começaram a discutir muito, depois se beijaram – era um outro estilo de vida, tá me entendendo? […]”. Afirma Serguei.

Em entrevista ao portal G1, Serguei explica como conheceu Janis: “Fomos apresentados por um amigo chamado Aldir Oliveira. Não percebi que era ela de primeira, foi ele que me avisou. Ela estava com aquele cabelão de hippie, enorme. Ela tinha um jeito de interior. Até hoje esse tipo de gente me fascina. Ela tinha um sorriso assim, meio sem graça […]”. 

Serguei em entrevista à Whiplash, diz acreditar que Janis Joplin foi vítima da CIA. “[…] Foi assassinada pela CIA porque ela exercia um grande poder sobre a juventude americana. Colocaram sonífero em sua bebida e depois aplicaram uma overdose de heroína. Antes de a droga ser aplicada, ela foi asfixiada”. 

O dia dos namorados se aproxima, guarde a frase dita por Serguei: “Tem de olhar as pessoas nos olhos. Um aperto de mão, um olhar, uma frase, um sorriso e pronto, as pessoas estão se amando […]”. E tenha dito!

Serguei está na ativa até hoje, com sua banda Pandemonium, perguntado sobre esta disposição, já que apagou no último ano 78 velinhas, ele diz: “Para me manter jovem eu como muita gente. Fui o primeiro brasileiro a assumir a bissexualidade”.

 Conheça Serguei: Nesta entrevista ele fala sobre sua paixão pelo rock

 

 

Rita Lee e Roberto de Carvalho:

Não é a toa que lhe chamam de Rainha do rock nacional; Rita foi a cantora que mais vendeu discos na história da música brasileira. Uma mulher “arretada” (na adolescência pulava a janela do quarto para tocar bateria em festas da escola) como ela, tinha que encontrar um parceiro a sua altura, e ela encontrou. Rita e Roberto de Carvalho dividem há 36 anos o coração e o mesmo amor ao rock, e desde então, Roberto acompanha Rita em todos os seus shows, e tornou-se seu parceiro de longa data em suas composições. 

Em entrevista à revista contigo (1978), Rita fala sobre o amor dos dois:” Nosso amor nasceu da bronca que um tinha pelo outro”. Vocês vão entender…

 Os dois não se apaixonaram de primeira não… Na verdade, como no ditado popular, o santo deles não se batiam; mas a história começa a mudar, e a responsável pela mudança é nada menos que Bandido Corazón, música que Rita compôs para Ney Matogrosso; impressionada com o arranjo da música, foi cumprimentar o responsável, e para sua surpresa era ninguém menos  que Roberto de Carvalho. O engraçado é que se encontraram algum tempo depois, e quando Rita (bem sem graça) elogiou sua meia vermelha, ele simplesmente tirou-a, e disse “é sua!”. Pronto! Apaixonaram-se, foram dividir o mesmo teto, e tiveram Beto, João e Antônio.  Beto Lee, inclusive, já tocou em sua banda. Isso que é uma família unida pelo rock and roll.

 

 

Dia dos namorados: Os casais e ex-casais do mundo do rock parte 1 AQUI